Um erro amenizado

terça-feira, 30 de junho de 2009

A troca de técnico no Paysandu já estava desenhada. A pressão vinha de todos os lados. Da imprensa, ávida por notícias que elevam o consumo de informações dos torcedores e dos próprios torcedores, que esperavam ver um time ''voando'' na Série C. Restava saber se a diretoria cederia à pressão ou bancaria o técnico que trouxe os melhores resultados pro time bicolor em pelo menos 2 anos.

Dificilmente o trabalho de um treinador será perfeito. Os erros passam a ser mais visíveis com o passar do tempo e têm de ser devidamentes administrados, analisados e colocados na balança. E dentre os erros e acertos, o trabalho de Édson Gaúcho tem de ser considerado muito bom.

O Paysandu possui um elenco caro, mas isso não significa necessariamente que seja bom. Considero-o regular. O time sente bastante quando se encontra desfalcados de alguma peça principal. A reposição nunca é a altura. E também não penso que esse elenco destoe muito do dos seus adversários nessa fase da competição, com devida ressalva ao Sampaio Corrêa.

Menos mal que tivemos uma surpresa positiva com a escolha de Valter Lima. O ex-técnico do São Raimundo, além de qualidade compravada e capacidade para aumentar o repertório da equipe alvi-celeste, conhece bem as peças do Paysandu e sabe a maneira como o time vinha jogando.

Ao contrário de 2005, quando plantou um trabalho no Clube do Remo e deixou para Roberval Davino colher os frutos, a tendência é que desta vez Valtinho colha os frutos plantados por Gaúcho.

Técnica x Habilidade

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma provém da repetição, da racionalidade e de um aprendizado consciente. Enquanto a outra surge do lúdico, do instinto e da fantasia.

A técnica pode ser aprendida e aprimorada nas categorias de base dos clubes e durante a carreira. Já a habilidade surge e se desenvolve nos campos de pelada, sem regras e sem professores.

O ponto chave da discussão que venho levantar é a eficiência de cada um dos atributos. Encontramos com muita facilidade excelentes jogadores que são técnicos apesar de não possuir habilidade nenhuma. Por outro lado, o instinto precisa da razão para sobreviver e por isso diversos jogadores talentosos ficam pelo caminho na carreira.

Uma característica em comum, além da técnica e da habilidade, em todos os verdadeiros craques já surgidos é a capacidade de antever um lance. Ele sabe, mas não sabe que sabe. É o conhecimento que ainda não foi percebido, racionalizado pela consciência e que, de repente, sem pensar e avisar surge na mente.

E um dos encantos que o futebol proporciona vem dessa capacidade que ele tem de, uma vez ou outra, nos brindar com o fascínio que um lance inesperado e genial exerce em nós.

Qual é o melhor ataque?

segunda-feira, 8 de junho de 2009
Enquanto para uns a melhor defesa é o ataque, para Dunga o melhor ataque é o contra-ataque.

Dá quase para sentir a euforia do técnico da seleção canarinho quando um adversário declara que jogará agredindo o Brasil.

A verdade é que a seleção brasileira só funciona realmente quando encontra facilidades para encaixar seus contra-ataques. E com Robinho e Kaká chega até a parecer covardia. Foi assim por várias vezes. Portugal, Venezuela, Chile, Argentina e agora o Uruguai sofreram do mesmo mal.

Figura - Brasil (preto) encaixando um contra-ataque com Robinho, nas costas do lateral uruguaio.


O grande problema do Brasil é a inexistência de uma variação de jogo quando encontra time fechados. O Brasil não consegue trocar passes, impor ritmo de jogo e abrir espaços nas defesas ou marcar pro pressão, que sempre é uma boa alternativa quando se enfrenta times de nível técnico inferior com defesas quase intransponíveis.

De positivo nesse jogo fica a afirmação de Felipe Melo no time, que conseguiu acrescentar qualidade na saída de bola. Penso apenas que ele deveria ser usado como primeiro volante, na função que exerce hoje Gilberto Silva e assim abriria vaga para outro segundo volante, que poderia ser Ramires, Anderson ou até mesmo Kleberson, que vem em boa fase.

O inexplicável continua sendo a insistência com Kléber na lateral-esquerda, enquanto Fábio Aurélio nem lembrado é. O lateral do Liverpool sempre sofreu com diversas contusões, que de certa forma impediram uma afirmação na carreira, mas parece que a fase negra passou e o ex-sãopaulino conseguiu fazer uma temporada brilhante na Europa. E ainda é um jogador que possui as características que se encaixam no jogo da Seleção. Tem grande poder de marcação e chega com facilidade à linha de fundo.

O resultado no Estádio Centenário foi histórico, mas há de sempre se fazer a pergunta: Tá tudo certo? Estamos no caminho do hexa? E a resposta é não. Para chegarmos lá ainda dependemos de uma grande evolução da equipe.

As possibilidades paraenses na Série C

sexta-feira, 5 de junho de 2009
Com novo formato, não tão atraente como a CBF planejava, a Série C deste ano está enxuta e o caminho ao acesso se torna mais curto do que nas edições anteriores.

Vejo Águia e Paysandu claramente como favoritos a conseguir a classificação nesta primeira fase, e isto se deve em grande parte à fragilidade dos adversários.

O Rio Branco já não conta com o mesmo poderio financeiro de anos passados e hoje o elenco se mostra deveras limitado, a começar pelo técnico Ewerton Goiano, que começou o Campeonato Paraense deste ano pelo Ananindeua, e nos ensinou como desnivelar um time do favoritismo à candidato ao rebaixamento em apenas 1 mês. Sampaio Corrêa se mostrou um desastre nas duas rodadas iniciais e o Luverdense talvez seja um time que consiga incomodar os paraense nessa briga, mas para mim seria zebra.

Percebo o Águia em plena evolução em todos os aspectos. O time mantém o mesmo sistema de jogo desde o ano passado, varia pouquíssimo deste 3-5-2. Os jogadores conseguem assimilar bem a filosofia de jogo proposta por João Galvão e, sempre subestimado pelos adversários, o time marabaense consegue surpreender com seus contra-ataques relâmpagos.

Já a equipe bicolor vive um momento delicado. Não se apresentou bem na estréia e isso ocasionou uma pressão de certa forma até exagerada pelas bandas da Curuzú. O time pareceu estar em um declive no aspecto físico e penso que a mudança no sistema de jogo também atrabalhou o rendimento da equipe. Édson Gaúcho saiu do 4-2-3-1 para o 4-2-2-2 e o time encontrou sérias dificuldades para articular-se ofensivamente. É hora de cautela nas atitudes, sob o risco da carruagem listrada virar abóbora no momento mais importante da temporada.

As coisas vão, voltam e se transformam

quarta-feira, 20 de maio de 2009
De meados dos anos 60 ao começo dos 80, os times que mais se destacavam no futebol jogavam com um centro-avante fixo e dois pontas, que se limitavam a driblar, tabelar e cruzar. Passado este momento, a tendência foi atuar com uma dupla de atacantes centralizada. Muitas dessas duplas ainda permanecem e permanecerão nas nossas grandes recordações do futebol, mas suas ocorrências devem rarear.

O futebol se repete mais uma vez. O trio de ataque volta, mas com transformações. Agora os ''pontas'' não são mais pontas, são meias pelo lado. Têm que ter capacidade para voltar bastante na marcação e chegar com velocidade no ataque.

No Brasil, Corinthians e Santos têm jogado desta maneira, lá fora Gus Hiddink ajustou o Chelsea nesse sistema. Jorge Henrique, Dentinho, Madson e Neymar voltam para marcar e cumprem muito bem sua função. E assim se vai mais uma mística do futebol, a de que jogadores leves e habilidosos nao possuem capacidade defensiva, ou que tal responsabilidade os privaria de exercer seu talento.

Uma nova realidade no futebol brasileiro

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Nos últimos anos nos acostumamos a vender nossos craques e comprar os campeonatos em que eles jogam. Agora eles estão sendo repatriados e o Brasileirão 2009 estará recheado de atrações. Ok, eles não estão mais no auge da carreira, mas cabe a cada um deles provar que ainda podem jogar em alto nível. Cada caso é um caso. O inegável é que estamos cheios de expectativas.

O que falar de Ronaldo? O que no início parecia apenas uma grande jogada de marketing se transformou em um verdadeiro jogador de futebol, e dos mais decisivos. Ronaldo faz com que o gol não seja apenas um detalhe.

Por outro lado, a única coisa que o Fred conseguiu nos mostrar foi o motivo de ter amargurado tantos anos de suplência no Lyon, sempre à sombra de Benzema. Mas de qualquer forma é diferenciado por aqui. É sempre vantajoso ter um jogador que imponha respeito perante o adversário.

Adriano também está chegando. Será um jogador importantíssimo para o Flamengo, que finalmente dará à seus alas uma boa finalidade. A dúvida que fica é se o ''Imperador'' vem junto com o Adriano, ou se apenas virá o problemático atleta em busca de uma estabilidade emocional.

Mas lhes confesso que dentre todas as estrelas do campeonato, a que mais me encanta é o argentino D'alessandro. Ronaldo carrega um peso de referência nacional, nos faz brilhar os olhos diante da surpresa dos exemplos de superação, mas quem realmente encanta pelo futebol é o ídolo colorado. Deixo pra vocês no link abaixo um compacto do drible mais famoso de D'alessandro, que foi batizado de 'La Boba'.

http://www.youtube.com/watch?v=XmH-v53vENc

Um grande abraço e até a próxima.



PS: Aos que esperavam uma análise da primeira partida da final, infelizmente nao pude assistir ao jogo. Sinto ainda mais pois sei que algo de diferente aconteceu... E ninguém conseguiu me explicar (convincentemente) o que foi.

Finalíssima definida

quarta-feira, 29 de abril de 2009
De um lado uma equipe que vem com ritmo de jogo e com um preparo físico assustadoramente bom para um clube com a (falta de) estrutura que tem, e de outro uma equipe que vem de um longo período de descanso e preparação. O que prevalecerá?

Vejo esse descanso do Paysandu como positivo. É um time com média de idade elevada e que já vinha demonstrando sinais de desgaste. Acredito que o tempo também venha servindo para Édson Gaúcho fazer reparos necessários no time bicolor, como ajustar a dinâmica ofensiva da equipe, que não consegue chegar com velocidade à frente. Existe um preciosismo muito grande na criação das jogadas. O time espera demais o adversário abrir espaços e esquece de arriscar.

Considerando que vem jogando frequentemente desde 18/11/2008, somando 29 partidas até o momento, já era de se esperar que o time do São Raimundo tivesse sofrido uma queda no rendimento físico. Mas isso não ocorreu. Atribuo este fato à organização tática da equipe. O time tem um plano de jogo e o segue a risca, o jogador sabe o que fazer com ou sem a bola nos pés e o jogo funciona. Eles se desgastam aquém do habitual em uma partida.

O Paysandu é uma equipe mais consistente, mas terar que suar muito para superar o time santareno que vem embalado e motivado. Não praticarei a futurologia. E você, arrisca um palpite?

A mágica de Valtinho

sexta-feira, 24 de abril de 2009
Aonde começa o ataque e aonde começa a defesa ?

Fácil. O ataque começa quando se ganha a posse de bola e a defesa quando se perde a bola. Certo?

Imagine a seguinte situação: um volante do time A consegue recuperar a bola de um adversário, mas ao se ver cercado recua a bola para os defensores que trocam passes curtos, tentando manter a posse de bola enquanto encontram enormes dificuldades de sair pro jogo contra o time B, que exerce uma marcação por meia-pressão. E agora? Quem está atacando e quem está defendendo? Não é possível definir aonde começam o ataque e a defesa. Um está intrinsecamente conectado ao outro.

Uma das situações de jogo mais fundamentais para um time é a transição defesa/ataque, o momento entre a recuperação da bola e a criação ofensiva. Mas para chegar à frente com um grande número de jogadores sem ficar desprotegido, um time precisa ter um perfeito timing de transição.

Um dos ''segredos'' do São Raimundo está exatamente aí. No curto espaço de tempo entre ganhar a bola e atacar. O que faz com o que o time obtenha vantagem numérica no campo ofensivo por consideráveis vezes.

Enxergar isso é fácil, o difícil é entender como se faz.

No momento em que o time santareno está sem a posse da bola, o posicionamento e a atitude dos jogadores já é estabelecido de maneira à propiciar um rápida transição. E no momento em que a equipe recupera a posse de bola, o sucesso da investida depende enormemente da movimentação dos homens de frente, que devem se mover em diagonal de maneira a abrir espaços na zaga adversária para a chegada dos jogadores que partem de trás da linha da bola. Tudo tem que ser perfeitamente ensaiado para que não ocorram erros de passe. E neste caso é.

Gênio ou louco ?

domingo, 12 de abril de 2009
Ao final do jogo entre Remo x Flamengo o torcedor remista já preparava o coração pelo que estava por vir. A necessidade da vitória em um clássico, contra um adversário superior e após um grande baque. Sem dúvida uma missão das mais difíceis. Hoje nas arquibancadas do lado A no Mangueirão, só se via os rostos aflitos dos poucos que se negavam a acreditar no provável, e se apegavam nos mistérios do futebol como esperança de alegria.

Estive fora da cidade durante o feriado e cheguei para a partida esperando o Paysandu com seu 4-5-1 tradicional, porém não fazia a mínima idéia de como entraria o Clube do Remo. Dúvida que só foi ser dizimada com o apito inicial.



Pode-se chamar de 4-3-3, de 4-5-1 ou de 2-3-2-3. O fato é que isto não importa. O Remo aplicou uma marcação homem-a-homem em praticamente todo o time bicolor, deixando o zagueiro da sobra. Marlon, San e Beto pegavam Rossini, Zeziel e Vélber; Toninho pegava o volante que subia, variava entre Mael e Dadá. E Marcelo Maciel e Hélinton tinham a obrigação fundamental de acompanhar a subida dos laterais bicolores, se doando pelo time. Sobrava então o atacante Zé Carlos entre os dois zagueiros azulinos.

A estratégia deu certo, a marcação encaixou perfeitamente e durante os 20 minutos iniciais o Remo conseguiu deixar o time alvi-celeste confuso no jogo. E o Paysandu, por sua vez, começou a fazer uma intensa movimentação entre os seus 3 meias. O grande problema do sistema adotado por Artur hoje é que quando a marcação de qualquer jogador remista de frente falhava, o time perdia o homem da sobra e deixava a zaga no mano-a-mano. Quando os jogadores cansaram, esta situação se tornou corriqueira na peleja. E o Paysandu, adiantando a marcação, conseguiu exercer a pressão.

Helinton exerceu perfeitamente a função que lhe foi atribuida. Quem acompanha futebol inglês está acostumado com este tipo de jogador, o ''winger''. Já Marcelo Maciel, pelo lado direito, demonstrava enormes dificuldades em acompanhar Aldivan, e num lance bobo, fez uma falta feia e acabou expulso. A partir daí o Remo virou coração e tratou de garantir o resultado.

Artur arriscou, jogou alto e dessa vez se deu bem. Gênio ou louco?

---

Compre com segurança e por apenas R$12,90:

DVD Ginga, a Alma do Futebol Brasileiro, por Fernando Meirelles

Semifinais do Parazão definidas

sexta-feira, 3 de abril de 2009
Com surpresa para alguns, teremos nas semifinais do Parazão um RexPa, no Mangueirão e São Raimundo x Águia, em Santarém.

Foi uma rodada imprevisível até o apito final do jogo entre São Raimundo e Ananindeua, que não deu vida fácil para o time santareno e brigou até o último minuto por um empate, que deixaria o São Raimundo com a quarta colocação na tabela e beneficiria o Remo, que pularia para a segunda colocação e jogaria com a vantagem do empate contra o Águia na semifinal. Não causou espanto em mim a vitória do time marabaense frente ao Paysandu. É um time que vem tendo uma evolução muito grande no segundo turno do campeonato e tem um estilo de jogo que propicia ao time uma chegada ao ataque com muita rapidez, o que iria de encontro ao cansaço e desgaste enfrentado pelo Paysandu com a viagem enfrentada.

Vejo um equilíbrio nestes dois jogos decisivos. O Paysandu, indiscutivelmente, joga o futebol mais efetivo do campeonato e consegue passar segurança aos seus torcedores, enquanto o Remo tem como armas o entusiasmo e dedicação da equipe, que jogará sua vida ou morte em 2009, e conta com a boa fase de jogadores que podem ser decisivos, como Marcelo Maciel, Helinho e Jaime. A única constatação que se pode fazer sobre este jogo é que clássico é classico e não há favoritismo. Qualquer coisa além disto é chute no escuro.

Da mesma forma vejo a outra partida, em que temos o São Raimundo como equipe sensação do campeonato, que acostumamos a ver praticando um jogo baseado em contra-ataques, sempre esperando o adversário tomar iniciativa para surpreendê-lo com chegadas rápidas à frente. Devido a isso, ainda não tenho total convicção do sucesso da equipe quando joga diante da pressão da torcida e com obrigação de tomar as rédeas do jogo. Por outro lado temos um Águia com melhores valores individuais e em crescimento na competição.

A vantagem de jogar por um empate é gigantesca quando se trata de apenas uma única partida decisiva. Mérito dos que foram competentes e asseguram este ás na manga.

---


Compre com segurança no Submarino.com, e provoque um sorriso no blogueiro:
Chuteira Nike Skill, para futebol society

Desmistificando o ''Direito Federativo''

terça-feira, 31 de março de 2009
Muito escutamos falar que tal clube possui os direitos federativos de tal atleta, ou que os direitos federativos do atleta pertecem 30% ao clube, 20% ao atleta, 40% ao empresário e 10% ao pipoqueiro da esquina.

Pois bem, 'direitos federativos' não passa de uma expressão criada, após a extinção do passe, para designar quem possui o direito de inscrever o atleta em alguma federação. Antes da criação da Lei Pelé, o atleta que tivesse seu contrato de trabalho findo só poderia assinar com outra agremiação se recebesse um atestado de liberatório do antigo empregador.

Com o advento desta nova lei, o atleta pode se desvincular do clube em três ocasiões: Com o término da vigência do contrato, com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial ou com o pagamento da cláusula penal, mais conhecida por nós como multa rescisória, que é obrigatória em todo contrato de desportista e pode ser estipulada livremente pelas partes, até o limite máximo de cem vezes o montante pago por ano ao atleta.

Portanto, é errado quando fala-se que os direitos federativos de um atleta foram divididos, como se fossem fatias de pizza. Tal direito é único e exclusivo do clube contratante e nasce mediante a celebração do contrato. O que ocorre é que por meio de um contrato particular, o clube negocia com quem quiser uma porcentagem do valor da multa rescisória de uma futura negociação do atleta. Se trata de um mero contrato cível, nada tendo a ver com a justiça desportisva ou trabalhista.

E uma prática que vem sendo costumeiramente usada por empresários é criar um clube de futebol, apenas para possuir os direitos federativos dos jogadores agenciados, e emprestá-los a outros clubes.

Futuramente comentarei sobre a Indenização por fomarção do atleta e sobre o Direito de Imagem, mecanismo muito usado por clubes para mascarar o salário de um atleta e obter vantagens fiscais.

---

Compre com segurança no Submarino.com:

Direito Desportivo: Novos Rumos, por Alvaro Melo Filho.

Análise - Ananindeua x Remo

domingo, 29 de março de 2009
Remo 6x2 Ananindeua. Resultado que nos mostra a caricatura de time que é o Ananindeua hoje. Soares só toca na bola na hora de bater falta, a zaga sem Felipe Bragança é pífia. O time celeste entrou em campo com 3 volantes e 2 atacantes velozes na estratégia de tentar a sorte nos contra-ataques, e por algumas vezes até conseguiu devido à falha de cobertura crônica na zaga azulina. Tanto Levy como Ednaldo são bons jogadores ofensivamente, mas não passam de medíocres no jogo defensivo. Percebe-se que existe uma precaução neles para não avançar simultaneamente, mas o ímpeto natural dos jogadores os leva a isso. E isso causa a falha que vem provocando os lances que mais dão dor de cabeça para a defesa azulina.

O time do Remo consegue se destacar em lances individuais. O Remo soube se aproveitar do lado fraco do time do Ananindeua, o direito, que contava com Jóbson, Leandrinho e Júnior Belém na defensiva. Foi um passeio por aquele lado. Ednaldo encontrou extrema facilidade para suas arrancadas e por lá criou boas chances. Observem que todos os gols do Remo, com exceçao do primeiro, e as melhores oportunidades se construíram por aquele lado.

A equipe azulina ainda não encontrou um padrão e por muitos momentos se mostra afoita durante a partida. O time perde muito em qualidade sem Jaime. Não acredito que a equipe melhore seu jogo até o fim do campeonato, mas pode contar com alguns valores individuais em boa fase e a com corda no pescoço, que no momento se torna aliada ao dar aos jogadores uma disposição de vencer acima do normal.

---

Compre com segurança no Submarino.com:

Mascote Oficial do Remo por R$19,90



O futebol não para no tempo

sábado, 28 de março de 2009
Para a massificação do conhecimento, por vezes se criam termos que nem sempre refletem a verdade que ocorre na prática. O futebol muda, mas as máximas continuam as mesmas.

A indústria do entretenimento exige isso. Porém, de tanto querer simplificar, a mídia acaba complicando as coisas. Você aprende que meia-atacante serve para armar as jogadas ofensivas, mas assiste um jogo de Gerrard e depois assiste um de Kaká, e se torna impossível aceitar que dois jogadores tão dinstintos sejam denominados igualmente. As coisas se confundem. Seria melhor se dissessem que existem os meias de ligação, que carregam a bola da intermediária defensiva até a ofensiva; os meia-armadores que dão cadência ao jogo e têm como características lançamentos e enfiadas; e os meia-atacantes, que chegam à frente para finalizar e tabelar com os atacantes.

Mas essa definição também já me parece ultrapassada. A tendência para qual o futebol caminha é a de meio-campistas que tenham qualidade equivalentes para defender e atacar. Ramires, Hernanes, Lucas, Anderson, Felipe Melo e outros estão para comprovar qual o estilo dos novos meio-campistas talentosos. Daí a dificuldade de Dunga para achar um sucessor para Gilberto Silva. A função que Dunga espera deste jogador está ficando rara no futebol. Sugiro então que chamemos Gilberto Silva de defensor, junto com os outros zagueiros, nos refiramos a Ramires, Hernanes, Gerrard, Lampard, Cambiasso como meio-campistas e à Kaká, Ronaldinho, Cristiano Ronaldo e Robinho como segundos-atacantes.

No final das contas, isso é apenas uma maneira de observar o jogo. O interessante é estar constantemente construindo, com uma visão crítica, um saber sobre o futebol. Aprender coisas novas é algo contínuo e nunca cessará. Enquanto para outros o que está estabelecido é uma verdade suficiente para dar-lhes todas as respostas, independente se são sempre as mesmas, afinal no futebol tudo que já tinha para ser criado está aí, o resto é invenção. Você acredita nisso?

---

Eu recomendo:

Contos Brasileiros de Futebol, por Cyro de Mattos.

Análise - Remo x Águia

sexta-feira, 27 de março de 2009
Me arrisco a dizer que foi a pior apresentação do Remo desde a goleada sofrida para o São Raimundo. E sabe aquela postagem que eu fiz sobre o Águia àlgumas semanas atrás ? Esqueca. As coisas mudaram. O time ganhou confiança e vem jogando bem.

No primeiro tempo se viu um Remo completamente perdido na marcação. Artur Oliveira deveria estar ciente que o Águia vem jogando em um 3-5-2 e me surpreendeu quando vi os laterais do Remo avançando ao mesmo tempo e marcando em cima. O resultado disso foi um Águia extremamente dinâmico, com passes rápidos, explorando muito bem as costas dos laterais remistas que inevitavelmente levavam desvantagem, e assim, por vezes saía um zagueiro para cobrir o lateral, por vezes um volante. Na verdade não importava e o resultado era o mesmo: o Remo sem o homem da sobra e a zaga no mano-a-mano. Uma falha tática absurda e primária. Nestas horas é importante atentar para como uma falha tática prejudica imensamente o desempenho individual dos jogadores.

Os volantes azulinos se viram obrigados a jogar extremamente recuados quando o time não tinha a posse de bola, e inevitavelmente os rebotes sobravam para os meio-campistas do Águia. Além disso, o time perdeu bastante poder na saída de bola e a válvula de escape eram os chutões para tentar manter a posse de bola na frente ou arriscar um contra-ataque fortúito.

Quando não se tem a posse de bola não se joga. Quando a marcação está falha é impossível um time impor seu jogo ofensivo.

Azar dos marabaenses que o Remo contava com Adriano numa noite das mais inspiradas e um surpreendente Marcelo Maciel que, alem do vigor e da aceleração habituais, ganhou bolas no alto, jogou com inteligência e acertou chutes até com a perna esquerda. E num dos chutões vindos da defensiva remista, o ''Foguete'' conseguiu ajeitar a bola para Toninho arrematar.

No segundo tempo a marcação remista se ajustou parcialmente, mas o time claramente não estava preparado para a difícil batalha desta noite. O time marabaense continou mandando na partida e o Remo lançava a sorte nos contra-ataques, que por várias vezes fizeram o goleiro Inácio mostrar serviço. Os gols do Águia foram de bola parada, mas oportunidades para concretizar com bola rolando não faltaram.

Importante ainda é enfatizar que todos têm sua parcela de culpa pela má atuação do time remista, mas hoje a parcela de Artur foi grande.

A evidente conclusão que fica é que a correria não se sobressai diante de um time bem armado e ensaiado.


A estréia de Claudinho: Discreto até demais. Em alguns lances demonstrou que pega bem na bola e que tem alguma visão de jogo, mas em nenhum momento aceitou a responsabilidade de comandar as investidas ofensivas da equipe. Me parece claro também que lhe faltam alguns atributos físicos que são importantes para o estilo de jogo que Claudinho se propõe a fazer, como arranque e força. Continuamos de olho.


---

Compre com segurança e por apenas R$12,90:

DVD Ginga, a Alma do Futebol Brasileiro, por Fernando Meirelles

Edson Gaúcho contrariando a regra

quarta-feira, 18 de março de 2009
Penso que para se tirar uma conclusão sobre a qualidade de um técnico, se deva dar as condições de trabalhos necessárias para isso. Ter um elenco montado antes do início dos trabalhos, 15 a 20 dias de preparação do time e outras condições básicas. Caso isso não ocorra, pode-se apenas dizer que o trabalho de um técnico não deu certo no momento, mas é imprudente questionar sua qualidade.

Este ano o Paysandu fez um bom planejamento e os resultados apareceram. Mérito de todos, inclusive de Édson Gaúcho, que se torna exceção à regra por ser um técnico carrancudo, que muitas vezes exige dos atletas coisa que não lhe compete, como dizer o que fazer ou o que não fazer em sua folga, é avesso a imprensa e parece ter um ímã de atritos com os profissionais dessa área. E o mais surpreendente de tudo: bancou no primeiro turno inteiro um time jogando com apenas um atacante e provou, para quem consegue enxergar, que a ofensividade de um time não depende do número de jogadores de frente.

Transformando em números, o Paysandu jogou no primeiro turno em um 4-5-1 ou 4-2-3-1, em que dois meias se movimentavam com total liberdade pela intermediária ofensiva, enquanto Zeziel as vezes se portava como um volante, fazendo a cobertura de Aldivan, o que as vezes não dava tempo de ocorrer e por isso passava a impressão que o time estava penso, pois Dadá se portava mais a direita da cabeça de área, e Mael centralizado. Essa foi a maior falha tática do time de Édson Gaúcho no primeiro turno e mesmo assim não lhe rendeu grandes infortúnios.