Aqui tem-se a mania de colocar rótulos no jogador, seja pra o bem ou para o mal. Exemplos: O lateral-direito Lucas fez um mal Campeonato Paraense e sua "ruindade" era unanimidade entre a imprensa e torcida. Vem jogando bem o Brasileiro todo e só após umas 10 rodadas é que começaram a aceita-lo, e mesmo assim ainda tem alguns chatos que levam o jogador ao mais baixo grau de adjetivos após um erro. Outro exemplo é o Landú que não vem jogando nada e é de lei pedirem sua entrada. Basta o Remo estar empatando pra começar a ecoar pelo Mangueirão: "Landú, Landú, ..". E o cronista, para agradar ao torcedor, solta a pérola inspirada em Sérgio Noronha (comentarista da Globo): "Está faltando ao Remo jogar pelas laterais, o jogo está muito embolado no meio, a velocidade de Landú vai ajudar a desmontar a defesa adversária". Nada como uma análise superficial para evitar o comprometimento. E assim se sucede com vários outros comentários.
Falta sensatez ao Futebol Paraense, falta equilíbrio. De enorme valia para esta análise foi a entrevista que o goleiro Danrlei conceceu à Paulo Caxiado (Rádio Clube) após o jogo Remo x Avaí. Não lembrarei as palavras com exatidão, mas a mensagem que ele quis passar era a de que aqui em Belém há uma pressão enorme para o time jogar sempre pra frente. E toda vez que o time começava a tocar a bola com calma, ouvia-se o burburinho vindo da arquibancada, sentia-se a inquietação de todos no estádio. Esse tipo de coisa mexe muito com a cabeça de jogadores jovens. Na minha interpretação, a referência nessa análise do goleiro azulino é o lateral/meia Wellington, que por várias vezes subiu inconsequentemente ao ataque, dando a deixa para o técnico catarinense colocar 2 meias, e por vezes mais um atacante, jogando por aquele lado. Não deu outra. Os dois gols do Avaí sairam por lá. Fugindo um pouco do assunto, tenho a opnião que nesse jogo Charles Guerreiro pecou pela ousadia, ou por se enganar pensando que daria tempo do volante cobrir Wellington toda vez.
O Futebol Paraense tem mania de grandeza. Fato compreensivel pela paixão da torcida, pelo fato de futebol se misturar com nosso oxigênio, pelo passado. O passado é até o ponto-chave desta questão, pois se custa a perceber as mudanças do futebol. As táticas se tornaram mais precavidas, as estratégias mais inteligentes, os espaços diminuiram e está cada vez mais difícil identificar o bom jogador do mal jogador. O Profissionalismo é requesito básico no grande negócio em que nossa paixão se transformou, e nisso os nossos times pararam no tempo. Não se ganha mais jogo aglomerando jogadores razoáveis, pressão da torcida e estádio acanhado.
A minha intenção em cada um dos três parágrafos foi delinear a parcela de culpa da imprensa, de nós torcedores e da cartolagem. Futebol Paraense, abandone o provincianismo e siga rumo ao profissionalismo !
1 comentários:
Muito boa tua análise, João. Dessa sinceridade que sentimos falta na imprensa paraense. Estou surpreendido com a qualidade do blog. Você tem grande potencial e com certeza terá um futuro promissor nessa carreira. Um grande abraço.
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