Inoperância tática: A porta de entrada de uma crise

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Um técnico tem por obrigação montar um esquema que propicie a cada atleta da onzena executar todo o seu potencial dentro de determinada função, e para tal é preciso conhecer bem seus jogadores. Deve ainda conhecer suficientemente bem a tática utilizada de forma a prever todas as possibilidades de jogadas que ela comporta. Quando consegue-se encaixar o talento do jogador em um esquema de jogo consistente a coletividade do time aparece naturalmente, fazendo com que as falhas individuais diminuam.

O que acontece com o Clube do Remo durante a peleja é exatamente o oposto do que se imagina para um time. Bons jogadores não conseguem achar seu espaço dentro de campo e os jogadores mais fracos ficam expostos, mostrando seus infinitos repertórios de pixotadas. O jogo ofensivo não flui devido a erros de posicionamento e o desconhecimento do que se fazer em determinada situação. Por exemplo, quando um jogador tem a posse de bola ele gasta um tempo enorme para enxergar o jogo, pensar no que fazer e executar a jogada. Estas três coisas tão básicas em um jogo de futebol, que deveriam estar sistematizadas, são as principais causadoras da falta de produtividade do time.
Pegue essa 'gororoba' e adicione uma generosa pitada de erros individuais no sistema defensivo e assim finalizamos a receita para um time apático, sem criatividade, sem equilíbrio entre os setores e sem força na marcação. Ou seja, o Remo.

Ao meu ver um dos motivos para que todos os técnicos que aqui passaram não conseguissem dar um padrão tático ao time é o método de treinamento. José Mourinho tem a opnião que treinar é operacionalizar uma idéia de jogo, repetindo exaustivamente os comportamentos de dentro do jogo.
Concordo que assumir um time com o campeonato em andamento é uma tarefa difícil para o técnico. Mas tive oportunidade de acompanhar alguns treinamentos dos quatro técnicos que passaram pelo Remo nese Campeonato Brasileiro e o que vi foram treinamentos básicos. Alguns de fundamentos, alguns para melhorar a concentração e os treinos coletivos com uma ou outra intervenção na hora da bola parada. E mesmo que eu esteja errado, acredito que quatro ou cinco jogos são suficientes para o técnico fazer com que o time tenha o mínimo de organização.

Os problemas do Remo não se limitam as 4 linhas, mas acredito que é na desvantagem no placar que toda a crise se inicia, ou vem a tona. Se o time estivesse bem no campeonato poderiam haver dispensas, jogadores que não se falam ou o que quer que seja. Nem se daria bola pra isso.
A desorganização tática é a maior culpada da série de derrotas azulina, que acabam causando naturalmente um desequilíbrio psicológico no elenco. O time cria uma aura de derrotado e a torcida começa a não comparecer como se esperava. O clube fica sem dinheiro, os salários atrasam, etc. E assim se forma a grande bola de neve da crise.

1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog...ótima idéia...precisa de mais opções esportivas sem tendenciar para qualquer clube...mesmo q o melhor clube seja o meu, ou o seu ou o de qualquer torcedor fanático...hehe
Bem...
Nem sempre é fácil fazer o que se pensa, até mesmo pra técnicos já rodados...mas algumas fórmulas são básicas...tem sim que definir posições a partir do que cada um rende de melhor...nem que pra isso monte um time ao estilo roberval davino...jogadas ensaiadas exaustivamente...tendo isso o time começa a render nos demais momentos do jogo pq está acreditando mais em sí ou em que seu grupo tem alguma qualidade...
qnto ao remo...lamento a crise, mas ainda acredito que pode mudar...